quarta-feira, maio 19, 2010

Os Gémeos

Hoje tive o prazer de ver uma exposição como já não via à muito tempo. 
Todos os quadros, paredes, portas, colunas, rádios, têm o seu "quê" de espectacular.
Quando visto de longe, conseguimos ver um todo e tentamos imaginar a história por detrás daquela pintura, vista ao pormenor, essa pintura tem mais detalhes do que aqueles que estamos à espera.
A variedade de cores, de desenhos, de padrões, de mensagens subliminares são enormes. Claro que a cor predominante será sempre o amarelo :)


Esta exposição estará no Museu Colecção Berardo (CCB) até ao dia 19 de Setembro.


"Gustavo e Otávio Pandolfo começaram a pintar nas ruas de São Paulo aos 12 anos, quando nenhum deles tinha dinheiro para comprar latas de spray. "Na época você roubava a tinta ou então pedia numa loja de pintura de carro", conta um dos graffiters brasileiros. Só através de pormenores conseguimos distinguir os gémeos de 35 anos. Gustavo tem uma minúscula rasta no cabelo e Otávio usa aliança (é casado com Nina, uma conceituada graffiter brasileira). De resto, tudo é igual: o mesmos estilo de óculos, as mesmas cores preferidas (amarelo é uma delas) e as mesmas obras.
Aos dez anos, os gémeos do bairro paulista de Cambuci confundiram o júri de um concurso de pintura na escola. Apesar de terem desenhado em folhas diferentes, o resultado foi exactamente o mesmo e o prémio teve de ser duplicado. "É assim desde a barriga da nossa mãe. Partilhamos tudo."

As três telas que a dupla Os Gémeos (ou OSGEMEOS, como também assinam) pintou de propósito para a exposição no Museu Colecção Berardo foram feitas a meias. Os quadros de bonecos amarelos de pernas esqueléticas e roupas coloridas, desenhos que os brasileiros aperfeiçoam desde 1995, chegam a valer 16 mil euros. Ou 33 mil euros se forem feitos num prédio de muitos andares. "Isso demora uns cinco ou seis dias. Temos uma grande equipa a ajudar-nos."
Longe vão os tempos em que os dois irmãos trabalhavam numa "lanchonete" e espalhavam os seus bonecos pelas paredes de São Paulo. Desde 2003 que a agenda dos gémeos está preenchida com exposições em galerias de todos os cantos do mundo: Japão, Grécia, Itália, Cuba, Estados Unidos... "A próxima paragem será San Diego", diz Otávio.
Em Lisboa, onde têm a sua maior exposição na Europa, vão ficar até ao fim do mês. "Ainda não sabemos se vamos pintar na rua", diz um deles. "Se a gente sentir vontade de fazer graffiti, vai lá fora e faz", diz o outro. Sim, porque, como gostam de sublinhar, o trabalho que apresentam no Museu Berardo não é graffiti. "Isso é na rua, nos comboios... É sentir o clima da rua no anonimato, fazer e se esconder. Aqui é um outro suporte."

No currículo, Os Gémeos têm várias proezas. Em 2008, pintaram a fachada da Tate Modern, em Londres, um ano depois de fazerem o mesmo ao castelo escocês de Kelburn. No Brasil, não se ficaram só pelo graffiti. Fizeram a parte gráfica de um documentário de futebol e uma animação para a série do realizador Fernando Meirelles, "A Cidade dos Homens"."

JORNAL "i"

"A tempestade que chega é da cor dos seus olhos castanhos"

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